02 março 2008

O viral na comunicação

Viralização faz parte de todas as estratégias comunicativas

Nem todos os questionamentos são esgotados durante um evento. Sobremaneira em se tratando das formas de comunicação na internet baseadas no conceito 2.0 – compartilhamento e múltiplas fontes de produção e veiculação de conteúdos. Tudo é muito novo e as teorias ainda estão sendo estabelecidas. Mesmo assim, a oficina executiva “Estratégias inovadoras em Marketing Viral”, organizada pela JumpEducation – Digital Media Academy (www.jumpeducation.com.br) no dia 27 de fevereiro de 2008 no espaço SSJ na Vila Olímpia em São Paulo/SP, lançou luz sobre alguns caminhos. E inquietou a seleta platéia de planejadores, jornalistas, relações públicas e criativos de todos os pontos do Brasil presentes, deixando uma dúvida: estaríamos rumando para um cenário de busca permanente pela viralização?

O diretor da Neo Ogilvy, Xavier Mantilla, deu partida à reflexão. Para ele, uma campanha de marketing viral exige um cuidadoso planejamento, e nunca está dissociada da marca da companhia. Trata-se da organização de ferramentas que, a partir de uma necessidade específica do anunciante, buscam a mobilização e a replicação pelos cidadãos, on-line e off-line. “Não acreditamos em doideiras que somente chamam a atenção, porque tem também uma grande dispersão. Pode até ser replicado, mas estando fora da linguagem da marca e nem remetendo a ela, não serve”, sentencia.
Todavia, o executivo reconhece que indicadores como o crescimento da internet, a distribuição digital, o compartilhamento forte de idéias, a penetração da banda larga, o desenvolvimento de conteúdos sob a perspectiva do entretenimento modificam a forma de pensar e criar. E ainda alteram alguns pilares de trabalho na comunicação, como a idéia da interlocução por tribos, que está cedendo espaço para falar com pessoas, porque a segmentação deve deixar de ser demográfica para nortear-se pelas características comportamentais.
Partindo para um enfoque prático, ele aponta alguns recursos: o “social currency”, significando a abordagem de temas que dão partida a diálogos, a tópicos nas comunidades, atraindo a atenção do grupo e abrindo chance para indicação de links ligados à marca; o gerenciamento de canais de mídia on-line de alto quociente de viralização (instant Messenger, SMS, email, websites) e os formatos virais amigáveis como vídeos, games e blogs. Em todos os casos, a perspectiva é a mesma, baseando-se na identificação de formadores de opinião e influenciadores nas comunidades; criação de comunidades sobre temas de interesse para distribuir informação; desenvolvimento de estímulos para gerar boca-a-boca, como assessoria de imprensa, emails com chamadas atrativas; gerenciamento do potencial de espalhe das percepções negativas ou contrárias, porque estas também integram boas oportunidades; e atenção para responder rapidamente a todas as demandas geradas. Sobre tema, Mantilla divide em três possibilidades de criação: campanhas de entretenimento (irreverência, ineditismo, engajamento com uso de vídeos, games, rich media), campanhas educativo-informativas (posicionamento da empresa como líder ou fonte de conhecimento, inovação, provimento de conteúdo com email-news, podcast, fóruns de discussão, releases) e ainda campanhas promocionais (que atribuam premiações ou patamares de acesso e prestígio mediante envolvimento intenso da audiência visada). “Mas atenção: 80% das campanhas virais não funcionam, não atingem o resultado esperado, porque é muito difícil garantir o retorno, dado que muitas variáveis nem a agência criadora nem o cliente controlam”, alerta ele, apontando que uma parte importante do processo é a avaliação, que inclusive pode ser feita por medição qualitativa (buzz metrics antes e depois da ação viral) e quantitativa (número de cliques, downloads, cadastros, repasse de email).

Mesmo sem respostas diretas, mas reforçando esta conexão com o boca-a-boca, o consultor e diretor da E.Life, Alessandro Lima, diz que uma das características da web 2.0 é tornar visível, registrado e com alta potência o que antes se perdia na volatilidade da comunicação oral. Aliado a isto, e conforme revelam os primeiros itens de pesquisa da Forrest Research, as fontes de maior confiança entre as pessoas são a recomendação de outros consumidores, os websites oficiais de marcas e os emails assinados. “Realmente saímos da era da informação para chegar na era da recomendação”, constata.

Nesta orientação, seria importante incentivar o recall de campanhas e ações convencionais, com o uso de estratégias virais como paródias no YouTube; sempre publicar as interações e respondê-las rapidamente nos canais on-line instituídos; facilitar a recomendação do conteúdo para terceiros e monitorar as redes sociais. Na definição dos espaços virtuais para análise, dado que 20% dos blogs e comunidades estariam recebendo 80% de todas as indicações links da internet, ele recomenda olhar o número de links de outros sites e blogs (relevância), o número de amigos linkados nas redes sociais (influência), número de comentários relacionados a um post ou matéria (repercussão) e o número de integrantes que estão lendo, ouvindo, vendo as repercussões (popularidade). Lima adianta: “já constatamos que o número de pessoas mais críticas e com posts mais negativos sobre as marcas têm rede de relacionamento muito maior”.


Fonte: RP Rodrigo Cogo – Conrerp RS/SC 1509
Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas (www.mundorp.com.br)

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