17 outubro 2005

Primeiro vem o marketing dentro de casa

Estamos estressados. Disso ninguém mais duvida. Cada um de nós é uma ilha cercada de tarefas e escolhas por todos os lados. Coisas demais para fazer, pagar, comprar, ler, decidir. A pergunta é - de que maneira nosso estresse contamina e faz adoecer as empresas onde trabalhamos? Ou será o contrário? Os empregadores é que seriam incubadores dos vírus do tédio, saco cheio, acomodação e covardia? Diagnóstico difícil, muito difícil.

De um lado o individualismo, mantra destes tempos modernos, leva funcionários de todos os níveis a trilhar uma trajetória obstinada em busca do sucesso individual, muitas vezes sem clareza dos parâmetros que definem este sucesso. Quase sempre a luta por poder e território prevalece, em oposição a colaboração e realizações. Essas pessoas, ao tentarem impor suas idéias e métodos, espalham tensão e estimulam um tipo comum de paralisia empresarial, causado basicamente pelo medo ou desinteresse. Quem perde com isso, claro, sao a própria empresa e seus clientes.

Por outro lado, quando uma empresa falha na importante tarefa de definir seus propósitos em termos mais amplos, negligencia o trabalho de comunicação interna e motivação de suas equipes e demonstra nao possuir uma filosofia e visão de mundo capazes de inspirar as realizaçoes de seus funcionários, acaba fabricando uma legião de zumbis corporativos. Zumbis preocupados exclusivamente em executar tarefas, receber um salário por isso e tentar manter o emprego ou encontrar rapidamente um novo. Fruto deste cenário, o que mais vemos por aí sao pessoas curvadas pelo peso do estresse, sem nenhum estímulo para inovar ou arriscar o que quer que seja.

Em resumo, empregadores estressam seus funcionários, que por sua vez espalham esse estresse pelos corredores das empresas, contaminando o ambiente e realimentando a neurose corporativa, num loop sem fim. Enquanto isso, o mercado, hiper competitivo e saturado pela mesmicite aguda, exige idéias fresquinhas, pensamento renovado, novas práticas. Dá para perceber que nao vai acabar nada bem, nao é?

O ponto é o seguinte - antes de usar as modernas técnicas de comunicação no mundo lá fora, as empresas deviam aplicá-las dentro de casa. A mesma habilidade demonstrada no desenvolvimento de suas marcas, na busca de relacionamentos com seus clientes externos e na construção de sua reputação corporativa junto aos consumidores, imprensa e Governos, devia ser utilizada para inspirar e motivar seus empregados e estimular um processo interno de permanente inovação. Para que isto aconteça, basta os departamentos de marketing e suas agências entenderem que o cliente interno é tao importante quanto o externo. Muitas vezes é até mais. - Luiz Alberto Marinho (
www.bluebus.com.br de 17/10)

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